Já alguma vez sentiu uma paixão arrebatadora por alguém, ao ponto de não conseguir pensar noutra coisa? E passados alguns meses, deu por si desiludido e sem o mesmo entusiasmo? Se sim, é provável que tenha experienciado limerência.
Embora seja um termo pouco conhecido, a limerência tem um impacto profundo nas nossas relações e na forma como encaramos o amor. Neste artigo, vamos explorar as diferenças entre limerência e amor e perceber como podemos evoluir para relações saudáveis e duradouras.
O Que é a Limerência?
A limerência é frequentemente descrita como um estado de paixão obsessiva. Trata-se de um desejo intenso, quase viciante, de estar perto da outra pessoa – o chamado “objecto de limerência”. Quem experiencia limerência tem pensamentos intrusivos constantes sobre a outra pessoa, sente uma necessidade avassaladora de reciprocidade e pode até idealizar a relação ao ponto de ignorar a realidade.
Este fenómeno não depende necessariamente do conhecimento real do outro. A pessoa não está apaixonada pela outra tal como ela é, mas sim por uma versão idealizada que criou na sua mente.
Em contrapartida, o amor verdadeiro é construído na base da aceitação, confiança e respeito mútuo.
Limerência vs Amor: As Diferenças Fundamentais
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Obcessão vs Conexão Real
- A limerência é caracterizada por uma obsessão intensa, enquanto o amor envolve uma ligação genuína e equilibrada.
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Idealização vs Aceitação
- Quem está em limerência tende a idealizar a outra pessoa, ignorando defeitos. No amor, aceitam-se as qualidades e imperfeições do outro.
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Ansiedade vs Segurança
- A limerência pode causar níveis elevados de ansiedade e medo da rejeição. O amor proporciona segurança e estabilidade emocional.
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Fuga da Realidade vs Construção Conjunta
- A limerência cria expectativas irreais e impede que se veja a outra pessoa tal como ela realmente é. O amor, por outro lado, permite construir uma relação baseada na realidade e no crescimento conjunto.
Como Identificar a Limerência?
Se não tem a certeza se está a viver uma relação baseada no amor ou na limerência, preste atenção a estes sinais:
- Pensamentos obsessivos: Se a sua mente está constantemente focada na outra pessoa, ao ponto de dificultar a sua concentração em outras áreas da vida.
- Ansiedade extrema: Se sente uma preocupação excessiva com a forma como a outra pessoa o vê ou com a possibilidade de rejeição.
- Idealização: Se acredita que a outra pessoa é perfeita e ignora quaisquer defeitos.
- Dependência emocional: Se sente que o seu bem-estar depende exclusivamente da reciprocidade da outra pessoa.
- Ciúmes desproporcionais: Se sente um nível de ciúme elevado, mesmo sem existir uma relação concreta.
Pode a Limerência Evoluir para Amor?
Embora a limerência não seja amor, em alguns casos pode transformar-se numa relação saudável. Para isso, é essencial que ambas as pessoas envolvidas construam uma ligação baseada na realidade, na comunicação e no respeito mútuo.
Se deseja evoluir de uma relação baseada na limerência para um amor verdadeiro, aqui estão algumas sugestões:
- Diminua o ritmo – Permita-se conhecer verdadeiramente a outra pessoa, sem pressa.
- Mantenha os pés na realidade – Reflita sobre o que realmente sabe sobre a outra pessoa, sem criar fantasias irreais.
- Valorize a sua individualidade – Não perca de vista as suas paixões e interesses pessoais. O amor saudável não deve substituir a sua vida, mas sim complementá-la.
- Trabalhe na sua autoestima – Muitas vezes, a limerência está ligada a inseguranças pessoais. Construir uma autoestima forte ajuda a estabelecer relações mais equilibradas.
Conclusão
A limerência pode ser intensa e emocionante, mas raramente conduz a relações saudáveis e duradouras. O amor verdadeiro, por outro lado, é sustentado na aceitação, confiança e crescimento mútuo.
Se reconhece sinais de limerência na sua vida, tente desacelerar, manter-se realista e investir na construção de ligações autênticas. Dessa forma, poderá abrir espaço para um amor mais profundo e verdadeiro.