Como Ajudar o Teu Filho a Regular Emoções com Empatia

Abril 25, 2025
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Gery Kiffen

Convido-te a lembrar um momento em que sentiste uma emoção intensa. Talvez estivesses entusiasmado com algo que acabou cancelado. Talvez estivesses magoado, frustrado, ansioso, ou simplesmente não conseguisses fazer algo da forma que querias. Agora pensa: estavas sozinho? Quem estava contigo? Sentiste-te compreendido? Ou ignorado?

E agora pensa: o que terias desejado de outra pessoa nesse momento? O que poderia ela ter feito para te mostrar que estava ali, contigo, presente?

O poder do reflexo emocional (mirroring) e da empatia

O processo de espelhamento emocional (mirroring) e a demonstração de empatia são ferramentas poderosas na conexão emocional com os outros — especialmente com crianças. No nosso cérebro emocional, os neurónios-espelho ajudam-nos a reconhecer o que o outro sente e a espelhar isso de forma autêntica. Este processo ajuda a criança a sentir-se vista, ouvida e compreendida.

Quando uma criança está desregulada emocionalmente — seja por frustração, medo ou tristeza — o nosso papel não é impedir esses sentimentos, mas sim acompanhar a criança no meio da tempestade emocional. Estar presente é mais do que estar fisicamente ao lado: é mostrar disponibilidade emocional e validar o que ela sente.

Não tens de resolver, mas tens de estar lá

É natural querermos “salvar” os nossos filhos do sofrimento. Mas a verdadeira ajuda surge quando lhes mostramos que não estão sozinhos. Não temos de eliminar o problema — temos de ser o porto seguro onde podem pousar.

Através do espelhamento emocional e da empatia, podemos ajudá-los a reconhecer o que sentem e a encontrar palavras e gestos para expressar isso. Este processo é chamado de co-regulação.

Co-regulação antes da auto-regulação

Muito se fala da importância da auto-regulação emocional nas crianças. Mas antes disso, é essencial a co-regulação — a capacidade do adulto de ajudar a criança a regular-se através da relação. Como diz Deb Dana:

“A capacidade de autorregulação constrói-se com experiências contínuas de co-regulação. Mesmo quando já a desenvolvemos, continuamos a precisar de interação social e co-regulação ao longo da vida.”
(Dana, 2020, p. 28)

Dizer o que vês — um primeiro passo

Começa por verbalizar o que observas fisicamente:

  • “Os teus olhos não têm o brilho de sempre.”

  • “As tuas mãos estão bem apertadas.”

  • “As tuas pernas estão todas torcidas.”

  • “O teu corpo está a tremer.”

  • “Os teus olhos não conseguem parar quietos.”

Ao descreveres o que vês, mostras presença e empatia. Podes também espelhar os gestos e expressões faciais da criança de forma subtil e respeitosa: franzir o sobrolho, cerrar os punhos, cruzar os braços — tudo para mostrar que compreendes o que ela sente.

Depois, dá nome às emoções

Se a criança estiver pronta, podes tentar nomear a emoção:

  • “Os teus olhos parecem tristes.”

  • “As tuas mãos parecem zangadas.”

  • “As tuas pernas mostram que estás nervoso.”

  • “O teu corpo a tremer mostra que estás assustado.”

O importante não é “acertar” sempre. Aliás, vais errar — e está tudo bem. Reconhece quando isso acontece e continua presente. A criança precisa de saber que está segura para sentir, mesmo que tu não tenhas todas as respostas.

Estar presente, mesmo nas falhas

Não precisas de acertar 100% das vezes. Somos humanos. O que importa é reparar quando algo se quebra — uma distração com o telemóvel, uma tentativa de empatia que falhou, etc. Mostra que continuas ali, aberto e curioso em relação ao que o teu filho sente. Isso basta.

Quando a criança se sente segura… a regulação acontece

A ligação emocional segura é o solo onde nasce a capacidade de autorregulação. É na presença de um adulto disponível que a criança aprende a reconhecer, sentir e integrar as emoções — e mais tarde, a lidar com elas sozinha.

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Referências:

  • Dana, D. (2020). Polyvagal Exercises for Safety and Connection. New York: W.W. Norton & Company.

  • Porges, S. W. (2009). Reciprocal influences between body and brain in the perception and expression of affect: A polyvagal perspective. In The Power of Emotion. Norton.

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