Estamos Condenados a Repetir os Mesmos Padrões nos Relacionamentos?

Abril 29, 2025
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Gery Kiffen

Já deste por ti a repetir os mesmos comportamentos nocivos nos teus relacionamentos, esperando que “desta vez” seja diferente? Não estás sozinho. A repetição de padrões é um fenómeno comum — e a Teoria do Apego pode ajudar a compreendê-lo e a transformá-lo.

O que é a Teoria do Apego?

A teoria foi desenvolvida por John Bowlby e Mary Ainsworth. Defende que os nossos estilos de apego se formam durante a infância com base na forma como os nossos cuidadores responderam às nossas necessidades emocionais. Estes padrões tornam-se modelos internos de como nos vemos a nós próprios e como esperamos ser tratados pelos outros — sobretudo em relações românticas.

Dois Modelos Fundamentais:

  1. Modelo dos outros: como esperamos que os outros nos tratem.

  2. Modelo de si próprio: como vemos o nosso próprio valor enquanto parceiros afetivos.

Estes modelos orientam os nossos comportamentos e reações nas relações adultas.

Tipos de Estilos de Apego

1. Apego Seguro

Pessoas com apego seguro confiam nos outros e em si próprias. Sentem-se à vontade com a intimidade e acreditam que merecem amor e apoio. Este estilo resulta de uma infância onde as necessidades emocionais foram consistentemente atendidas.

2. Apego Evitante

Se, em criança, foste ignorado quando precisavas de conforto, podes ter desenvolvido um apego evitante. Há duas variantes:

  • Evitante-desdenhoso: evita a intimidade e valoriza a independência extrema.

  • Evitante-medo: deseja a proximidade, mas teme ser rejeitado.

Estas pessoas aprendem a confiar apenas em si próprias, reprimindo emoções e mantendo os outros a uma distância emocional segura.

3. Apego Ansioso

Resulta de cuidadores inconsistentes ou rejeitantes. As pessoas com este estilo vivem com o medo constante de serem abandonadas. Tornam-se hipervigilantes a sinais (reais ou imaginados) de rejeição, o que pode levar a comportamentos de dependência, ciúme e busca contínua de validação.

Somos Mesmo Condenados a Repetir?

Felizmente, não estamos condenados a repetir estes padrões para sempre.

Os estilos de apego:

  • Não são fixos.

  • Variam consoante as circunstâncias e as pessoas envolvidas.

  • Podem ser transformados com novas experiências relacionais positivas.

O papel de um parceiro seguro

Estudos mostram que relações com parceiros de apego seguro ajudam a “reeducar” os estilos mais inseguros. Estes parceiros funcionam como reguladores emocionais, proporcionando estabilidade e encorajando respostas mais saudáveis.

Como Mudar os Padrões?

  • Terapia: Trabalhar com um psicoterapeuta especializado em apego pode ajudar-te a reconhecer os teus padrões inconscientes e a desenvolver novas formas de te relacionares.

  • Consciência emocional: Observar as tuas reações com curiosidade e compaixão é um primeiro passo para a mudança.

  • Novas experiências: Relações saudáveis e consistentes podem reestruturar os teus modelos de apego com o tempo.

Conclusão

A forma como fomos amados em criança influencia profundamente a forma como amamos e somos amados na vida adulta. Mas isso não determina o nosso destino. Com consciência, apoio e compromisso, podemos quebrar ciclos e construir relações mais saudáveis, seguras e satisfatórias — connosco próprios e com os outros.

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